“Tirei o cachimbo da boca e também do meu coração”, testemunha Eni de Almeida
Eni de Almeida, 44 anos, passou pelo Desafio Jovem O Bom Samaritano em 2009 e ficou em tratamento por nove meses, segundo um propósito que ele havia feito ao chegar no local. Tinha saído de Presidente Prudente, São Paulo, e vindo para Santa Catarina a fim de trabalhar e fugir das más companhias e das drogas.
Porém, ao chegar em Florianópolis, se deparou com uma grande oferta de entorpecentes e não conseguiu ficar longe dos vícios. “Trabalhei dois meses em Canasvieiras, e lá eles oferecem droga na rua. Aí liguei para minha família e me disseram que daquela maneira como eu estava, não precisava voltar para São Paulo”.
Eni de Almeira era viciado em crack e cocaína e estava com 45 quilos. Ele diz que usou a “pedra” por quatro anos e consumia em grande quantidade. Antes de parar no fundo do poço, bebia e fumava maconha. Nesta época, trabalhava muito à noite no setor hoteleiro e começou a fumar maconha com crack, o chamado “mesclado”, até que se encontrou na sarjeta. “Quando acordei para a realidade, foi num dia que eu tinha gastado todo o meu salário em crack, e disse: Meu Deus, eu estou viciado.”
Passou por várias casas de recuperação, mas em nenhuma delas tinha conseguido “tirar o cachimbo (de crack) do coração”. “Eu achava que Deus tinha que fazer tudo para me libertar e eu não precisava fazer nada”.
Depois de dois dias trancado num quarto de hotel no centro de Florianópolis, usando a droga e em depressão, ele tomou uma decisão. “Acabou o dinheiro, eu estava com medo até de sair do quarto, não tinha mais nada, e então eu fui sozinho pedir socorro”.
Ele conta que tinha ouvido falar do Bom Samaritano, através de um rapaz crente que o encontrou na cidade. Já desesperado e sem saber o que fazer, determinou que iria procurar ajuda. “Eu não tinha para onde ir e estava sem esperanças, então pensei: ‘Já que está tudo perdido, vou pra lá’”.
Ao chegar no Desafio Jovem, resolveu ter atitude e mudar de vida. “Tomei uma posição, comecei a ler a Bíblia, comecei a orar, a jejuar, e com isto tirei o cachimbo da boca e do meu coração também. Porque se tirar o cachimbo só da boca, e continuar com ele no coração, a gente não tem recuperação”.
“A droga é para os covardes”
Em março, Eni de Almeida veio visitar o Bom Samaritano e trouxe a esposa, Alice, para conhecer o trabalho. “É uma alegria tão grande que não tenho nem palavras para expressar o sentimento que tenho por este lugar. A gratidão, primeiramente a Deus, e pela vida do Pr. Moisés Martins, que sempre soube conversar com as pessoas e do Pr. Cristiano Sanford, que sempre teve uma boa palavra para nos dar. Às vezes ouvia palavras duras, mas isso foi muito importante, porque o viciado tem que ouvir palavras duras, não pode passar a mão na cabeça dele, pois senão ele fica se achando um coitado e nunca se torna uma pessoa independente. A droga é para os covardes. Não é para quem realmente é homem, quer ter uma vida, quer cuidar da sua família e quer assumir responsabilidades.”
A esposa Alice conta que havia profetizado sobre a vida do marido quando ele embarcou com destino a Florianópolis e a deixou em São Paulo. “Eu disse: ‘Em nome do Senhor Jesus, você vai pra lá, mas vai voltar para casa transformado, uma outra pessoa, em nome de Jesus eu profetizo’”.
Eles ficaram meses separados até que Alice teve notícias de que o esposo estava se tratando. Logo, teve esperanças de que desta vez ele iria vencer. “Lá no fundo eu acreditava que ele iria mudar e aquele sofrimento ia acabar, que Deus ia tirá-lo daquela lama”.
Hoje, a família está restituída, Eni tem casa própria, um carro, e trabalha como pedreiro na construção civil com carteira assinada. É um diácono e segundo dirigente da igreja onde congrega, faz curso de teologia e serve a Deus como alegria. “Neste lugar, Deus fez a obra em minha vida, pois abri o meu coração e fiz a minha parte”, relata Eni.