Pr. Moisés abre o coração e fala sobre os 13 anos como diretor do Bom Samaritano

Jornal OBS: Como foi que o senhor tornou-se diretor da instituição?

Pr. Moisés Martins: Eu tinha pouco mais de um ano de casado e havia poucos meses que tínhamos vindo de mudança de São José para trabalhar na CPAD em Florianópolis.

O Desafio Jovem fazia 8 meses que havia começado suas atividades e na época ficava em uma chácara em Sorocaba de Dentro, área rural de Biguaçu (SC). Foi quando ouvi a voz de Deus falar comigo enquanto descia as escadas da parte de trás da igreja sede, me dizendo: “vai para o Desafio fazer o discipulado”.

Falei com o responsável da época e comecei ir até lá junto com minha esposa todas as quartas-feiras após o trabalho. Vale lembrar que a BR-101 ainda não era duplicada e devido aos congestionamentos tinha dias de chegarmos por volta das 22h ou até 23h. Mas sempre tinha um grupo sedento para aprender mais da palavra.

Um ano e meio depois, já na nova chácara, em Forquilhas, São José, continuávamos a fazer o mesmo trabalho. Foi quando um dia, o irmão que dirigia o Desafio há dois anos e meio, chegou para o Pr. Juvenil Pereira e disse que não queria mais continuar à frente do trabalho, pois tinha desejo de se envolver com o departamento de missão, e sugeriu o meu nome ao pastor, o que de pronto foi aceito por nosso líder.

Na época, eu tinha 27 anos e minha esposa 22 anos, e quando meu filho Matheus completou 40 dias de vida nós assumimos o Bom Samaritano debaixo de muita desconfiança, a ponto do dia em que fui anunciado na vigília, um irmão que estava ao lado de minha esposa, sem saber quem ela era, disse: “Esse rapazinho aí? Ele não vai conseguir levar esta obra, vai acabar com tudo!”. Minha esposa ainda disse para ele: “Irmão, é meu esposo”… Quando ela me contou em casa, eu disse a ela “Bem, isto é o que ele diz, mas o que me importa é o que Deus vai dizer, pois nossa fé não se move por aquilo que os outros dizem”. Deus já havia falado comigo, usando profetas, para nós entrarmos por uma porta que Ele estava abrindo.

Hoje posso dizer que temos as duas melhores coisas que alguém pode ter para fazer a obra de Deus: 1ª A benção de Deus; 2ª A benção e a liberdade para trabalhar com seriedade, dada por nosso pastor presidente Juvenil dos Santos Pereira.

 

Jornal OBS: E a esposa aceitou de pronto o desafio?

Pr. Moisés Martins: Foi outro grande milagre, pois eu costumo dizer brincando que minha esposa foi amadurecida na estufa, com fogo, e não naturalmente (risos). Em nenhum momento ela disse não, e nem ficou preocupada, pois eu saí de um salário de R$ 1500, na época um grande salário, para ganhar algo que eu nem sabia quanto seria. E ainda com um filho recém-nascido que precisava de roupas e tudo mais, mas Deus foi sempre fiel e cuidou de nós.

Nos primeiros três anos muitos meses pegava do meu próprio salário para suprir as necessidades do trabalho que não eram poucas. Além disso, assumi o Bom Samaritano com uma dívida de 25 mil reais com alguns fornecedores, que Deus nos deu sabedoria para administrar e colocar tudo em dia. E ela acompanhou tudo com alegria e apoiando todas as decisões para o melhor da obra.

Chegava em casa e dizia: “Meu amor, com o salário deste mês eu paguei conta do Desafio”, e o que eu ouvia era “Deus proverá”. Ela sempre teve o mesmo sentimento de ver almas sendo restauradas. É claro que alguém pode até dizer: “E o pastor Juvenil?” Eu nem permitia ele saber disto, pois todos que assumem uma função na igreja precisam desenvolver com Deus uma relação de confiança mútua. Se Deus confiou a você um trabalho, confie N’Ele que virá a providência e solução para os problemas. Mas, se eu começo a incomodar o pastor como eu teria as experiências de provisão que tenho hoje?

 

Jornal OBS: Quando olha para trás, quais as principais lembranças que tem do início deste trabalho?

Pr. Moisés Martins: Sempre me lembro, para glorificar a Deus, de quando alguém me disse: “Rapaz, larga este negócio centro de recuperação, pois isto não dá futuro ministerial para ninguém”. Confesso que estou até hoje tentando entender o que ele quis dizer com isto (risos). Mas o bom foi que eu não o ouvi. Na época, por exemplo, o Bom Samaritano não tinha nem um computador próprio, e para eu fazer um ofício ia para a secretaria da igreja, esperava terminar o expediente e junto com o Pr. José Almir ficava até as três ou quatro horas da manhã para fazer o que precisava.

Tinha aproximadamente 45 alunos, 2 dormitórios velhos de madeira com triliche, uma cozinha que mal dava para se mexer dentro de tão pequena, e uma F-100 velha, que vez por outra nos deixava com o volante na mão. Dois moços cheios de fé, e que oravam muito comigo, eram obreiros na chácara. Um era o Pr. Rovane Rodrigues, que tinha vindo há poucos meses de um desafio jovem de Tubarão onde ele se recuperou para trabalhar conosco, e o outro era o Pr. Carlos Britto, fruto do trabalho do Bom Samaritano.

O trabalho de centro de recuperação não era visto com bons olhos por muita gente, afinal de contas não passávamos de algo que “talvez” poderia dar certo. Mas algo que marcou bastante foi a direção que Deus deu após uns seis meses de trabalho em meio a muita dificuldade financeira e muitos “conselhos” de pessoas que diziam para começar a cobrar mensalidade. Eu até comecei a pensar nesta possibilidade, mas quando fui pregar em um culto, o irmão que estava dirigindo virou-se para mim e cheio do Espírito me disse: “Deus manda lhe dizer – Te preocupa com as almas que a provisão Ele sempre vai mandar!”

 

Jornal OBS: Em algum momento pensou em desistir?

Pr. Moisés Martins: Bom, o próprio Jesus chegou em um momento de seu ministério que Ele disse: “Pai, se possível, passa de mim esse cálice, mas seja feita a tua vontade!”As poucas vezes que, em meio às lutas, eu pensei em parar, submeti a minha vontade à vontade de Deus e, então Ele veio me consolar e renovar minhas forças!

 

Jornal OBS: Qual a receita para permanecer firme onde Deus tem o colocado, apesar das intempéries?

Pr. Moisés Martins: Acreditar sempre que Deus está no controle, pois a soberania de Deus é inquestionável. Na vida daquele que serve a Ele ninguém toca sem a permissão D’Ele, se te mandarem para prisão é para conhecer o copeiro do rei para que o rei possa te conhecer, pois um dia serás governador. O Deus de José não mudou, continua o mesmo.

 

Jornal OBS: A sua própria história de recuperação serve de inspiração para o trabalho?

Pr. Moisés Martins: Com certeza, na época que fui para Jesus não havia Desafio Jovem na Grande Florianópolis, mas na igreja encontrei o pastor Juvenil que me acolheu e me discipulou. Ele acreditou na obra que Jesus tinha para fazer em minha vida e hoje tento ser um multiplicador desta graça e acreditar nas pessoas assim como acreditaram em mim. Acredito que a grande virtude do amor de Cristo é acreditar naqueles em que ninguém acredita.

 

Jornal OBS: Qual o sentimento de ver o filho crescer no dia-a-dia do Desafio Jovem?

Pr. Moisés Martins: O Matheus é um presente de Deus, ele com 40 dias começou sua historia aqui. A primeira vez que ele caminhou sozinho foi dentro da ala feminina, o primeiro chimarrão foi na ala masculino (risos). Ele aprendeu a amar esta obra e vive com intensidade este trabalho fazendo programa de rádio comigo desde os quatro anos de idade. Me lembro quando íamos na casa de minha sogra e ele pequenino, abria o armário de comida, tirava os alimentos e sem falar direito dizia: “Pro zafio vó” (risos). Em nossa casa não dormimos sem antes orar por nosso pastor, pela igreja e pelo Bom Samaritano, pela equipe de trabalho, pelos alunos e contribuintes.

 

Jornal OBS: Algum testemunho marcante do agir de Deus em prol da Sua obra?

Pr. Moisés Martins: Isso daria um jornal de 24 paginas só para resumir, pois são inúmeros fatos que marcaram esta obra ao longo destes anos! Certo dia, precisávamos de brita e a pedreira que fica ao lado doou, mas disse que tínhamos que conseguir o caminhão e a máquina retroescavadeira para pegar a doação. Saímos em busca de empresas de terraplanagens e a mais em conta que encontramos cobraria algo em torno de R$ 1200 para umas quatro horas de serviço.

Como sempre, acreditamos que a benção corre atrás de nós, conforme diz a Bíblia, e deixamos um cartão da instituição dizendo que caso ele conseguisse fazer algo melhor que nos procurasse. Uma semana depois, eles apareceram perguntando se ainda precisávamos do serviço. Dissemos que não tínhamos dinheiro para pagar, mas eles responderam: “Não será preciso pagar, pois a polícia ambiental nos pegou tirando areia do leito de um rio sem autorização e a juíza determinou que realizássemos 20 horas de serviço para uma instituição filantrópica. Aí lembramos de vocês… a gente faz aquelas quatro horas de serviço e vocês dão a declaração”. Ao que respondi: “Nós somos crentes e não podemos mentir”. Tiveram que cumprir as 20 horas de trabalho e fizemos os serviços que a tempo precisávamos fazer. Este é um, entre tantos testemunhos, que mostra o cuidado de Deus para com esta obra! Estou preparando um livro só com testemunhos de provisão de Deus.

 

Jornal OBS: Neste período, já tentaram fechar as portas do Bom Samaritano?

Pr. Moisés Martins: Sim, foi quando o Ministério Público e a Vigilância Sanitária queriam fechar a ala feminina por desconformidade com as normas. Sem querer dar um prazo para adequação, queriam tirar as moças de lá e fechar, e após a reforma poderíamos reabrir.

Foi quando eu pedi um prazo para a promotora que nós faríamos a reforma. Ela não aceitou e, num ato de desespero, eu falei: “se a senhora fechar, eu me amarro com corrente nas colunas do Fórum, chamo os crentes toda a Grande Florianópolis e a imprensa, e digo porque estou ali. Se a senhora estiver disposta a pagar este preço comigo vamos em frente”.

Ela me disse: “Tu é louco?”. Eu disse: “Um pouco!”. Foi nos dado então 30 dias de prazo. Serviço que, segundo dois arquitetos e dois engenheiros, levaria seis meses para concluir. Trabalhamos em quatro pedreiros e 10 serventes, das 7h da manhã até a 1 hora da madrugada. Minha esposa junto com as irmãs fazendo comida em um fogão à lenha improvisado na rua e eu junto com os moços virando massa e assentando tijolo. E o povo de Deus contribuindo, em 10 dias foram arrecadados aproximadamente R$ 58 mil, um pouco em dinheiro e outra parte em material. Até o piso foi ganho de um empresário de São Paulo que era o patrão de uma irmã, que ao ouvir no rádio o que estava acontecendo, falou com ele. Pessoas passando pela BR-101 ouvindo a rádio eram tocadas e faziam suas contribuições. Até uma estação de tratamento de esgoto tivemos que fazer.

O dia que concluímos o trabalho, eram umas 6 horas da tarde, e a glória de Deus desceu de uma forma tão linda que andávamos pela chácara com as mãos erguidas chorando, glorificando e falando em outras línguas (lágrimas). Hoje, a promotora está aposentada e se tornou uma contribuinte fiel do trabalho!

 

Jornal OBS: É descritível a sensação de encontrar os frutos do Desafio Jovem em várias partes do país e até no exterior?

Pr. Moisés Martins: A alegria é tanta que fica difícil descrever em palavras. Já encontrei recuperados nos Estados Unidos, em Portugal, e em vários estados do Brasil. No final do ano passado estive pregando em Macapá e encontrei quatro recuperados, um deles eu nem me lembrava mais, e hoje é missionário mantido pela igreja local. Foi um grande testemunho de transformação, pois na cidade era conhecido como “Paulo loco”, era temido por todos.

A dupla Jackson e Talita esteve em Mossoró, no Rio Grande do Norte, e após falar do Bom Samaritano um recuperado os procurou, testemunhando as bênção recebidas. Também é um moço que nem lembrávamos, pois é muita gente!

 

Jornal OBS: E as vigílias, hoje conhecidas por quase todo o Brasil, como eram no começo?

Pr. Moisés Martins: Quando assumi, o galpão era literalmente uma terça parte do que é hoje. Não tínhamos som próprio, a cantina era com salgadinhos feito na casa da irmã Ivonete, no monte do Senhor, e para conseguir um cantor e um pregador era bastante difícil. Mas uns três meses depois, em uma vigília, Deus usou um profeta dizendo: “Eu vou trazer servos que tenho exaltado na terra para este lugar!”.

E isto tem acontecido, temos recebido vários cantores como Lauriete, Damares, Valquíria de Oliveira, Vanilda Bordieri, Célia Sakamoto, Amanda Ferrari, Dalvinha, Amilton e Marlene, Julio César e Marlene, Elias Silva, Gerson Rufino, Jair Pires, Gisele Cristina, Moisés Cleyton e Jorge Macedo.

Entre os pregadores, o Pr. Juvenil Pereira, nosso presidente, por algumas vezes, Pr. Cesino Bernardino, Reuel Bernardino, saudoso Luiz Antônio, Napoleão Falcão, Gilmar Santos, Gesiel Gomes, Marco Feliciano, Júnior Souza, Abílio Santana, Aldery Nelson Rocha, Paulo Marcelo, Adeíldo Costa, Nerildo Acioly, Amadeu Vieira, Lorinaldo Miranda, Angelo Galvão, Zeti Alves, entre muitos servos de Deus que cooperaram voluntariamente na vigília, onde vários milagres e maravilhas aconteceram.

 

Jornal OBS: Valeu a pena ter caminhado até aqui?

Pr. Moisés Martins: Se tirar o Bom Samaritano da minha história sobra pouca coisa para contar, pois este trabalho não foi uma escola e sim uma faculdade tremenda em minha vida. Hoje vejo o progresso que o Senhor nos deu com padaria, olaria, cursos, jornal, site, programa de rádio, transmissão das vigílias, ala feminina, dormitório de alvenaria, caminhão novo, carros para atender a demanda de atendimento, escritório próprio.

Só por isto tenho motivos de sobra para glorificar a Deus, sem falar em privilégios que o Senhor me concedeu. Deus usou um profeta dizendo que colocaria algo em minhas mãos que deixaria muitos surpresos. Passado alguns dias, um irmão disse que tinha sido contratado pela TAM Linhas Aéreas e que tinha direito a indicar além de alguns familiares, mais duas pessoas para pagar somente 8% do valor da passagem para qualquer destino que a TAM atende. E uma destas pessoas fui eu, com isto já fui algumas vezes aos Estados Unidos, Inglaterra, Portugal e vários estados em nossa nação. Ainda no ano passado, Deus me concedeu a honra de ser chamado para ser um dos preletores do Gideões Missionários da Última Hora, o maior congresso de Missões do mundo. Na perseverança Deus nos honra por sua misericórdia!

 

Jornal OBS: E qual é a esperança/visão para os anos futuros?

Pr. Moisés Martins: Trabalho como se nunca fosse sair, mas pronto para sair a qualquer momento. Dificilmente tenho sonho à noite, porque não sobra… sonho acordado todos os dias, me considero um sonhador e visionário, pois não acredito em obra de Deus como se fosse uma profissão e sim como uma vocação. Quem vive isto deve se empenhar e sempre sonhar com o melhor que se pode fazer para alcançar o maior número possível de almas perdidas, o nosso maior tesouro nesta terra. Peço a Deus que continue aumentando cada vez mais este lindo exército de contribuintes que nos ajudam a manter o avanço deste trabalho!

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Comentários

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    SERA UMA HONRAR PARA NOS.

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