Liberdade de opinião é ameaçada por movimentos intolerantes aos princípios cristãos
Em março, a imprensa e as redes sociais na internet foram palco para uma ampla discussão sobre religião e política. Em pauta a família e os valores morais, o ativismo gay e a liberdade de expressão. Por se tratar de um espaço onde todos podem falar o que pensam – ou até sem pensar – a web proporcionou o maior debate dos últimos tempos entre cristãos e ativistas. O estopim dos comentários foi a eleição do deputado federal Pr. Marco Feliciano para presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara no dia 7.
Feliciano, que obteve 211 mil votos pelo estado de São Paulo em 2010, foi indicado pelo seu partido, o PSC, para presidir a comissão e recebeu 11 votos favoráveis dos 18 membros do colegiado. Partidos maiores como o PT, PMDB e PSDB abriram mão desta comissão por considera-la muito “fraca”, o deputado declarou que o cargo “caiu no colo” do PSC e ele aceitou a indicação dos colegas.
Assumiu o cargo sob muitos protestos de grupos ligados a entidades de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) que se organizaram para tumultuar os trabalhos. Ativistas liderados pelo deputado Jean Wyllys tentaram impedir a eleição de Feliciano e também as reuniões semanais da CDHM.
A grande imprensa deu voz aos militantes acusando Marco Feliciano de homofóbico e racista com base em declarações polêmicas postadas por ele no Twitter em 2011. Ao dissertar na rede social sobre a passagem bíblica de Gênesis 9, o pastor disse que a palavra utilizada para apontar que Cão riu de seu pai Noé poderia ter a conotação de “sentir prazer”, o que, segundo Marco Feliciano, seria o primeiro ato de homossexualismo da história. Assim, a maldição contra Canaã, filho de Cão, seria aplicada a todos os seus descendentes – que seriam os africanos.
Diante de diversas críticas, Marco disse: “Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss” e completou “Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, AIDS… Etc”.
Agora as publicações voltaram à tona e o deputado se defendeu da acusação de racismo. “O trabalho que nós vamos executar aqui vai mostrar ao povo brasileiro. Caso eu houvesse cometido esse crime de racismo, a primeira pessoa para quem eu teria que pedir perdão na vida seria a minha mãe […]. Uma senhora de matriz negra, só não tem a sua matiz negra – só a pele dela não é negra -, mas o sangue é negro, os lábios são negros, o coração dela é, como eu também sou”, disse.
Mesmo não sendo aplaudido por toda a população evangélica, Feliciano ganhou a simpatia do povo e apoio de lideranças por “dar a cara à tapa” e defender princípios cristãos no que tange à família. Ao se posicionar contra a prática do homossexualismo e exageros cometidos por ativistas gays, comprou uma briga com o movimento LGBT e vem sofrendo seguidos ataques.
O diretor do Bom Samaritano, Pr. Moisés Martins, declarou no programa de rádio da instituição que o problema não é os homossexuais, mas os ativistas gays que são intolerantes com os evangélicos e querem impor uma ditadura a seu favor. “São pagos com dinheiro público para fazer ‘baderna’”. O pastor falou ainda que, inclusive, tem amigos homossexuais, pessoas dignas, de respeito e caráter.
“Vivemos em um país democrático, onde a liberdade de expressão é garantida pelo estado. Porém, se falarmos contra a prática homossexual somos taxados de homofóbicos. Homofobia é doença, é ódio, aversão, e isso não temos”, destaca o pastor Moisés.
Na semana passada, o renomado jornalista Alexandre Garcia disse em diversas rádios do Brasil onde faz seus comentários: “Aqui não existe crime de opinião (…) a opinião é livre e é protegida pela Constituição”.
Enquanto isso, dois deputados condenados por participação no mensalão no governo Lula, foram indicados pelo PT para integrar a Comissão de Constituição e Justiça. José Genoino (SP) e João Paulo Cunha (SP), condenados pelo Supremo Tribunal Federal, estão na comissão mais importante da Casa.
Cristofobia
A perseguição religiosa, com manifestações em frente a igrejas e no horário de culto, levou a discussão do âmbito político para o religioso. O termo “cristofobia” está sendo utilizado para descrever as ações e preconceito dos grupos LGBT contra os evangélicos. Embora não conste nos dicionários, tem o sentido de representar a aversão aos princípios pregados por igrejas cristãs.
Em entrevista ao Portal Gospel Mais, a psicóloga Marisa Lobo disse que há imparcialidade por parte da grande mídia, que apresenta os casos que resultam em cristofobia como exemplos do politicamente correto: “A mídia é tendenciosa e quer vender, e se passar por ‘politicamente correta’, sabe que os cristãos são o povo mais perseguido no mundo, como também sabe que somos um entrave para o sucesso da agenda gay, e que a mesma não deve ser afetada por essas notícias. Então quando noticia, ameniza, suprime os dados, para não mostrar a realidade que é assustadora em todo mundo: somos perseguidos pelas maiorias islâmica, por homossexuais, por ateus, por outras religiões e pela minoria no Brasil, porém uma minoria fortalecida que tem a cumplicidade de uma mídia desleal totalmente perversa e antiética”.
Já o ativista cristão e blogueiro Julio Severo relata sua experiência pessoal de exílio para ilustrar o tamanho da perseguição e aversão aos princípios cristãos e ao direito de fé, crença e expressão: “Os supremacistas gays já agiram várias vezes contra mim por minhas posturas cristãs públicas. Eu e minha família vivemos hoje no exterior devido às próprias perseguições que sofremos”.
O colunista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, escreveu: “A religião mais perseguida do mundo hoje é o cristianismo, em especial o catolicismo. Existe, sim, uma “cristofobia” que se espalha mundo afora, especialmente na África e na Ásia, mas que já está presente entre nós, aqui mesmo, nos países ocidentais […] Os 500 mil mortos de Darfur não foram massacrados em razão de “conflitos sectários”, como chamou candidamente a imprensa ocidental. Tratou-se de uma guerra religiosa — ou, se quiserem, de uma tentativa de limpeza religiosa. Incrível! O cristianismo continua a ameaçar os reinos que são deste mundo.”
Entenda o caso do Pr. Marco Feliciano:
30 de março de 2011 – Marco Feliciano postou mensagens no Twitter acerca de pensamentos teológicos sobre africanos e homossexuais. “Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome… Etc”.
05 de março de 2013 – Feliciano é indicado pelo PSC para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e movimento LGBT reage com protestos. No mesmo dia, ativistas gays acusam Marco de racista e homofóbico e começam campanhas contra sua candidatura na internet e na imprensa.
07 de março de 2013 – Marco Feliciano recebe 11 dos 18 votos da Comissão e é eleito presidente da CDHM. A eleição precisou ser feita a portas fechadas para que protestos não impedissem os trabalhos.
08 de março de 2013 – Após assumir Comissão, Marco Feliciano rebate críticas e condena casamento gay.
11 de março de 2013 – Cerca de 150 pessoas se reuniram em frente à Igreja Catedral do Avivamento em Franca para protestar contra o deputado. Parlamentar e a família foram hostilizados ao deixarem a igreja.
12 de março de 2013 – Deputados contrários à eleição do deputado e pastor Marco Feliciano para presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados recorrem ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a eleição. Oito deputados federais do PT, PSB e PSOL protocolaram ação que contesta a escolha do pastor e afirmam que ele não tem legitimidade para assumir o cargo.
12 de março de 2013 – Centenas de manifestantes entraram no prédio da Câmara dos Deputados para fazer um ato contra Marco Feliciano. O protesto começou às 14h e durou pouco mais de uma hora.
13 de março de 2013 – Foi tensa e confusa a primeira reunião da Comissão. De um lado, manifestantes de apoio ao deputado. Do outro, representantes de movimentos sociais. Deputados do PT tentaram impedir os trabalhos. Além das vaias e dos gritos, começou um empurra-empurra. Vários deputados foram até a mesa exigir a saída de Feliciano, e abandonaram a sessão.
20 de março de 2013 – Tumulto suspende segunda sessão presidida por Marco Feliciano. Presidente da Câmara pede saída dele da comissão. As pressões aumentam, dentro e fora do Congresso.
26 de março de 2013 – PSC decide manter pastor na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Líderes anunciam reunião para tentar convencer Feliciano a renunciar. Protestos impedem funcionamento da comissão que Feliciano preside.25 de março de 2013 – Feliciano diz que só renuncia a presidência do colegiado “se morrer”. Em entrevista concedida ao Pânico na Band afirmou que deixar o cargo seria assinar um atestado de confissão.
27 de março de 2013 – O clima tenso na reunião da Comissão de Direitos Humanos já era esperado, mas a tensão chegou a seu ápice quando Feliciano ordenou que a polícia da Casa prendesse um manifestante.
30 de março de 2013 – Manifestantes malham boneco de Feliciano em frente ao Congresso. Grupo aproveitou tradição de malhar o Judas para organizar o protesto. Ato teve ainda cartazes contra ‘intolerância religiosa, racial e sexista’.
01 de abril de 2013 – Manifestantes fazem vigília pela renúncia de Marco Feliciano. Com velas e cartazes, opositores pediram para deputado sair de comissão. Em culto, deputado disse que antes comissão era dominada por ‘Satanás’.