As Lições da Cruz

Não há nada mais emocionante do que contemplar a cruz e o sacrifício que nela foi consumado para a redenção da humanidade. Foi na cruz que Deus abriu os olhos de nossos corações, nos fazendo perceber por meio de sua fronte, seus pés perfurados pelos cravos, seu sofrimento e amor, vertendo, descendo, fluindo misturados. Não há momento na vida de uma pessoa que seja mais sagrado e mais santo do que esse momento em que somos transportados até a cruz porque é lá que aconteceu o momento mais importante da história.

A cruz representa a libertação de todo o jugo do pecado. Abre-nos a porta da comunhão e da reconciliação com Deus através do perfeito sacrifício de Cristo. Da cruz brotam sofrimento e amor, descem, fluem até nós.

Jesus foi crucificado por volta das nove horas da manhã e permaneceu na cruz até as três horas da tarde, sendo que, do meio-dia às três horas, houve trevas sobre a face da terra (Mc 15.25,33). Jesus falou sete vezes durante essas seis horas terríveis e assustadoras: (1) “Pai, perdoa-lhes” (Lc 23.34); (2) “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43); (3) “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 19.25-27); (4) “Por que me desamparaste” (Mt 27.46); (5) “Tenho sede” (Jo 19.28); (6) “Está consumado” (Jo 19.30); (7) “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46).

É importante lembrar que não foram os milagres que Jesus realizou que nos salvaram, mas sim, a sua morte na cruz. Toda pessoa que busca a Deus precisa passar pela cruz. A cruz é um símbolo central e importante do cristianismo. Envergonhar-se dela é envergonhar-se do próprio Evangelho.

Na cruz Jesus suportou sofrimentos físicos terríveis: (1) seu Semblante ficou desfigurado (Is 53.2). Não havia beleza Nele, nem aparência, nem formosura. Nossa feiúra moral estava sobre Ele. (2) sofreu torturas cruéis (Is 53.4,5,10). A Bíblia diz que Ele foi ferido. Ferimentos de acordo com a definição de um cirurgião podem ser classificados por suas características:

Contusão: uma ferida causada por um instrumento grosso e cego. Era resultado de um golpe com vara (Mq 5.1; Mt 26.67; Jo 18.22)

Laceração: ferimento produzido por um instrumento que rasga, sendo resultado dos açoites que tinham se tornado uma fina arte entre os romanos. O chicote romano era uma tira de couro com várias extremidades, cada uma com uma ponteira de metal. O corpo de Jesus foi todo lacerado, rasgado.

Penetração: ferimento profundo causado por um instrumento pontiagudo. Em Jesus causado pela coroa de espinhos na cabeça (Mt 27.30; Jo 19.2)

Perfuração: do latim “passar através de”. As mãos e os pés de Jesus foram traspassados, os cravos eram cravados entre os ossos para não quebrá-los

Incisão: corte produzido por um instrumento pontiagudo e cortante (Jo 19.34)

A Bíblia relata que o próprio universo entrou em convulsão. Houve trevas. O sol cobriu o seu rosto de vergonha. Houve terremoto, os túmulos se abriram.

Este episódio da crucificação nos deixa três importantes lições espirituais:

 

A cruz mostra a necessidade de irmos até o fim

Jesus sabia de tudo o que estava reservado para ele. Sabia que era necessário sofrer e morrer em favor dos nossos pecados. Mesmo diante de tanto sofrimento, Cristo foi até o fim. Mesmo quando Pedro não queria que ele morresse e até se dispôs a ir em seu lugar. Na cruz, foi desafiado pelos soldados e sacerdotes judaicos a descer e mostrar que era o próprio Deus e Rei. Poderia perfeitamente descer daquela cruz e apenas com o sopro de sua boca destruir todos os seus acusadores. Mas, graças a Deus, Jesus não desceu da cruz! Ele encarou o sofrimento até o final. Jesus nos ensinou que precisamos ir até o fim. Não adianta começar bem e desistir no meio do caminho. Quantos cristãos estão ficando pelo meio do caminho?

 

A cruz ensina a lição do envolvimento (Lc 23.26)

No meio do caminho da via dolorosa, os soldados romanos obrigaram um homem chamado Simão a ajudar Jesus a carregar a cruz. Não é difícil de imaginar que depois de sofrer tudo o que sofreu desde sua prisão Jesus não conseguiria levar a cruz sozinho. Simão deve ter ido a Jerusalém para celebrar as festas. Simão está indo para Jerusalém quando se encontra com a turba que está zombando de Jesus que havia caído sob o peso da cruz, Simão conhece Jesus. Os filhos dele crêem em Jesus. Simão sente compaixão de Jesus. Ele é forçado pelos soldados romanos a carregar a cruz de Jesus ao Calvário, onde Jesus será crucificado.

Esta é uma lição sobre serviço. A cruz de Jesus representa para nós sua motivação ou propósito, a força propulsora de Suas ações altruístas, Sua demonstração do amor do Pai. Como Simão levou a cruz de Jesus, assim também nós podemos adotar do Mestre nosso propósito, vivendo uma vida de desinteressado amor, fazendo pelos outros o que Jesus tem feito por nós. Foi para Simão um privilégio carregar a cruz de Jesus. É um privilégio para nós carregar os fardos de outros, nos envolvermos com suas causas.

No início deve ter parecido uma tragédia para Simão, que certamente deve ter perguntado: “Por que me envolver?”.  O que Simão diria em casa? Num dia festivo como o da páscoa ele estava sendo humilhado, carregando uma cruz. Na verdade, estava usufruindo de uma oportunidade maravilhosa de aproximar-se de Jesus, envolver-se com Ele e consequentemente converter-se. Alguns textos bíblicos deixam claro que Simão se converteu e sua família se envolveu completamente na obra de Deus (Mc 15.21; Rm 16.13).

 

A cruz elucida a oportunidade de recomeçar (Lc 23.39-43; Jo 19.30)

Para o ladrão que estava na cruz ao lado de Jesus, a crucificação não foi o fim, mas sim o começo. Naquela situação horrorosa aquele homem teve a oportunidade de recomeçar. Por causa da morte de Jesus, podemos sempre recomeçar. É a cruz que nos traz uma oportunidade de recomeçar. A morte de Jesus na cruz que nos oferece perdão e nova vida.

Por que a cruz traz um recomeço para todo aquele que crê? Quando Jesus estava morrendo, bebeu vinagre e proclamou em alta voz: “ESTÁ CONSUMADO!”. Esta palavra no grego é tetelestai. Era muito usada no cotidiano e tinha alguns significados:

Um servo usava esta expressão para relatar a seu senhor “consumei a obra que me confiaste a fazer”. Também era usada pelos sacerdotes depois de examinar um animal para o sacrifício e de não encontrar nele qualquer defeito. Quando artista que completava uma pintura ou um escritor que terminava um manuscrito, também dizia: “está consumado”.

No entanto, o uso mais significativo desta palavra era no sentido comercial. Ao receber algum pagamento os mercadores diziam: “está consumado”. A dívida está paga! Totalmente pago!

Por essa razão a cruz é lugar de recomeço. Nela Jesus concluiu a obra que veio fazer. A divida que era contra nós fora totalmente paga (Cl 2.14,15).

 

Pr. Sérgio Pereira

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Comentários

  1. Pra. Tânia Regina : dezembro 10, 2023 at 8:22 am

    Bom dia pr. Tenho procurado uma mensagem sobre a cruz para ministrar na Santa Ceia, e achei esta adequada. Com sua permissão acrescentarei tbm meu conhecimento. Obrigada Deus abençoe muitíssimo seu ministério.

  2. Pastor, estou preparando um devocional para compartilhar com meus amigos de escola e essa palavra me abençoou demais. Obrigada e Deus te abençoe!

  3. Deise Silva de Souza : abril 8, 2023 at 8:25 am

    Pastor, a mensagem da cruz é linda! Quantos ensinamentos o Senhor destacou nos trouxe. Que o Senhor abençoe seu ministério cada vez mais.

  4. Linda mensagem, irei pregar em minha igreja. Linda mnensagem da cruz!

    Obrigado! Deus lhe conceda muitas bençãos!

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